"Me identifico com o vazio"

A frase paradoxal acima é de uma jovem que está presa por ter pichado o prédio da Bienal no Ibirapuera em São Paulo. Acabo de ler a reportagem aqui na Folha. Aliás, já tem muito tempo que não leio uma reportagem que apresenta tão concretamente a trajetória e, ao mesmo tempo, a crítica social de um cidadão (ã) "acusado" de um crime. Enfim, de acordo com a frase acima até o próprio Vazio permite uma Existência, até a simples idéia de Vazio daria lugar a que alguma Coisa se tornasse real, neste caso, uma IDentificação entre a pichação com o glorioso reino Oficial da Arte. Daria lugar! Daria! Afinal, nosso Estado-Democrático-de-Direito não pode permitir IDentificações à esmo ou à torto e à direito! O Estado é Estado porque só permite IDs legitimadas em seus próprios termos (dedão demonstrando a digital e a pessoa se tornando somente mais um número na multidão), por ousar uma IDentificação particular no pseudo Espaço Público a jovem está presa. E, olha que este Blogue não tem absolutamente nenhuma predileção neste caso! Nem por Gregos (pelas pichações) e, muito menos, por Troianos (Bienais). Ah! Pouco antes de encerrar a leitura da tal reportagem ainda li este trecho que é uma das Coisas mais fortes que já li ultimamente acerca do Povo sobre si mesmo, isto é, acerca do Povo sobre sua própria Representação, do Povo sobre seu Futuro, frase do Povo pelo Povo para o Povo e, ao mesmo tempo, através do PovoPolítico (new Lulla?):
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"Tanto grafite, quanto picho são underground, coisa do fundão. Não são feitos para exposição em galeria. A parada que eu faço é na rua, é para o povo olhar e não gostar. Uma agressão visual"
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"(...) PARA O POVO OLHAR E NÃO GOSTAR"!?! Expressão fenomenal esta! Clamor da Pura Relação sem nenhuma atração marketeira, sem nenhuma hipnose política! Pura Kritik embasada naquele filósofo bigodudo! Fenomenal...

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